Cachorro e réveillon: como reduzir o impacto dos fogos de artifício para os pets

Cachorro e réveillon: como reduzir o impacto dos fogos de artifício para os pets
Publicado em: Pet

Seu amigo peludo sente medo dos fogos no Ano-Novo? Trazemos diversos cuidados para protegê-lo!

Se você não tem visto mais tanta graça na queima de fogos do Réveillon por ter cachorro em casa, saiba que não está só nessa. Muitos peludos sentem medo do barulho — e até a claridade pode atrapalhar. Por isso, cachorro e Réveillon são duas palavras que pedem muita atenção e cuidado.

Não é à toa que, na época de final e de começo de ano, lemos e vemos tantas notícias de pets que fogem. Afinal, o barulho apavora nossos amigos de quatro patas e, caso estejam em um local aberto e não telado, a primeira reação pode ser a fuga. Cuidar do pet, então, fica ainda mais forte nessa fase.

Para que você tenha as informações mais relevantes em mãos, conversamos com Julia Franca, que é médica veterinária especializada em clínica geral e dermatologia veterinária.

Julia traz ótimas dicas para você dar mais conforto a esse amigão que temos em casa, companheiro para o que der e vier, seja no momento de brincar, de fazer atividade física, de levar pra passear, entre outros. Vamos lá?

Por que os cachorros têm medo de fogos?

Os animais têm medo do excesso de barulho que os fogos provocam. Como no Réveillon isso é mais intenso, os cachorros ficam ainda mais apavorados.

A razão para isso é porque eles conseguem ouvir sons muito mais agudos que nós humanos. "A audição canina é bem mais aguçada que a nossa. Enquanto os humanos captam sons entre 20 e 20.000 hertz, os cães as captam entre 15 e 40.000 hertz”, explica a veterinária Julia Franca.

Na prática, nós não percebemos os sons mais agudos, que ultrapassam 20.000 hertz, porém os cães ouvem, e isso acaba gerando a relação de medo dos cachorros no Réveillon. 

Mas nem só o barulho atrapalha, sabia? Se você mora em um local próximo à queima de fogos, também precisa redobrar os cuidados com a claridade, que causa incômodo visual aos nossos amigos de quatro patas.

Some todo esse desconforto ao fato de que muitos pets ficam sozinhos nessa época, seja porque os donos estão viajando ou estão celebrando a festa fora de casa. Assim, é natural que os animais possam ter algum trauma ou sofrer com danos maiores, como a gente explica melhor a seguir.

Quais são os reais perigos da exposição aos fogos do Réveillon para os cachorros?

O desconforto auditivo e visual causa um verdadeiro pânico nos cachorros durante o Réveillon e em outros momentos com muitos fogos. Isso ainda pode variar entre os pets, pois existem aqueles mais ansiosos, que sofrem mais.

Esse pânico faz com que o cachorro tome atitudes que prejudiquem a segurança e a saúde dele. Julia Franca comenta o que pode acontecer:

  • caso você more em apartamento não telado, “é de extrema importância manter as janelas fechadas para evitar qualquer tentativa de fuga durante o medo”, diz a veterinária;
  • caso seja em casa, “muito cuidado com animais que tentam pular do canil, podemos observar fraturas e cortes no momento de desespero. Também, como eles ficam ansiosos, podem acabar correndo pela casa, levando a quebra de objetos, impactos em móveis, ficar presos em tecidos ou cordas, entre outras possíveis feridas”, ressalta Julia.

Preparar a casa e o apartamento para este momento é sempre uma boa. Vale a pena telar o local, tornando-o mais seguro em qualquer dia do ano — afinal, sabemos que campeonatos esportivos, datas comemorativas e demais acontecimentos fazem com que as pessoas soltem fogos.

Pensa que acabou? A veterinária também comenta que você nunca deve acorrentar um animalzinho com medo: “Isso pode levar ao estrangulamento e à morte no momento de medo e tentativa de fuga”.

Existem lugares em que a queima de fogos é silenciosa?

Felizmente, essa já é uma realidade em algumas cidades brasileiras, como Poços de Caldas (MG), Vitória (ES), São Paulo (SP), Campos de Jordão (SP), Florianópolis (SC). Nesses locais, a prefeitura se organiza para que a queima seja de baixo estampido.

Mas, de qualquer maneira, para quem mora perto do local das queimas, vale se precaver com o excesso de luminosidade, que, como Julia comentou, também incomoda os cachorros durante o Réveillon.

Porém, mesmo que a prefeitura faça essa prática dos fogos silenciosos, moradores podem comprar aqueles que fazem barulho. Ou seja, ainda é preciso ficar de sobreaviso.

Julia ressalta que, “além dos animais, o som também incomoda bastante crianças, idosos e pessoas com sensibilidade sonora (como no caso do autismo)”.

Como reduzir o impacto da queima de fogos para os cachorros?

Para aliviar o medo dos cachorros durante o Réveillon, existem cuidados que fazem a diferença. Já falamos em manter janelas fechadas, “e, de preferência, com cortina fechada, evitando assim a tentativa de fuga e também o estímulo pela luz dos fogos”, além de não deixar o cachorro sozinho, certo? Mas tem muito mais!

Prepare o ambiente

Faça com que o cômodo transmita mais acolhimento ao seu bichinho. “Você pode levar a caminha ou cobertor preferido, alguns brinquedos e petiscos também”, sugere Julia. 

Garanta uma temperatura amena

“Caso seu animalzinho tenha problema com calor, ou você more em uma cidade muito quente, tente manter o local fresco, com ventilador ou ar condicionado, pois o estresse pode levar o animal à hipertermia (aumento abrupto da temperatura corpórea)”, explica a veterinária. 

Retire objetos que possam machucá-lo

Como dissemos, o cachorro pode ter reações imprevisíveis e sair correndo, esbarrando em tudo. Para evitar acidentes, “retire tudo que possa machucá-lo — vidros e objetos perfurocortantes, estantes que possam cair e machucar”, comenta.

Crie um barulho no ambiente

Outra dica é deixar a televisão ou rádio com volume em um canal que não seja o que está passando a queima de fogos. “Esse novo barulho pode camuflar o som dos fogos e distraí-lo”, explica a veterinária . 

Aposte em florais

“No mercado, também temos florais e produtos com odores sintéticos que trazem calmaria e bem-estar ao animal, que podem ser utilizados com auxílio de um veterinário.” Portanto, se você já sabe que seu pet sofre, consulte seu veterinário, combinado?

O que nunca fazer em relação ao medo dos fogos?

São várias sugestões de Julia para você levar em conta e trazer mais conforto ao cachorro no Réveillon:

  • evite prendê-lo em um cômodo e deixá-lo sozinho. O ideal, caso necessite deixá-lo em um quarto, é que alguém fique com ele para aumentar a segurança;
  • se você pensa em acariciá-lo na hora do barulho, esqueça. “Esse carinho pode funcionar como um reforço positivo para a postura de medo, ou seja, é como se você também sentisse medo”, diz a especialista. Portanto, tente agir o mais natural possível, pois isso passa essa segurança ao seu amigão;
  • jamais castigue o cachorro por ter medo. “É uma atitude que pode aumentar ainda mais a insegurança em um próximo episódio”;
  • nunca leve seu cãozinho para assistir aos fogos (mesmo na coleira) ou deixe-o solto com portão aberto. 

Julia também ressalta que, “caso seu animal apresente vômitos, diarreia, falta de ar, se machuque ou não esteja clinicamente bem, é preciso levá-lo para ser avaliado por um veterinário”.

Agora, se o seu peludo for naturalmente mais medroso e ansioso, você pode contar com a ajuda de um adestrador. Júlia também traz um último conselho: “uma forma de começar a acostumá-lo com o barulho dos fogos é colocar baixinho esse som, cada dia um pouco, sempre dando um reforço positivo durante (petiscos ou brinquedos). No início, ele pode estranhar, mas a intenção é que, aos poucos, ele entenda que não precisa ter medo desse som”.

A gente já adora cuidar dos nossos pets, não é? Seja para dar banho, levar para brincar, tomar vacinas… Então, nas épocas de fogos, como o Réveillon, seu cachorro pede mais atenção, e vale a pena protegê-lo.

Aproveite para compartilhar o artigo nas redes sociais! Isso vai ajudar diversas outras famílias com pets!

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Julia Franca
Julia Franca

Julia Franca é médica veterinária formada pela Universidade Federal Fluminense em 2014, e integra o corpo clínico da clínica Animalia e IEMEV desde então. Fez pós-graduação em dermatologia Veterinária pelo EQUALIS (2018) em São Paulo e atualmente atua como clínica geral na Animalia e no setor de dermatologia do IEMEV. Realiza também o exame de Otoendoscopia em diversas clínicas do Rio de Janeiro.

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